Bolsonaro fez menos pelos mais pobres do que qualquer governo e deixou o Nordeste de lado em inúmeras ocasiões. Seu legado é de fome, corrupção e preconceito
Conforme se aproxima o segundo turno das eleições 2022, em 30 de outubro, muita gente tem procurado pelos feitos do atual presidente no país. Procuram, e muito, mas é uma tarefa inglória: é difícil encontrar, na vida real, algo de bom feito por Jair Bolsonaro, que agora apresenta uma realidade paralela em sua propaganda eleitoral para tentar se reeleger. Por isso, explicamos aqui o que Bolsonaro fez de bom até agora pelo Nordeste.
Acuado diante da derrota no primeiro turno, Bolsonaro afirmou que não teve maioria de votos no Nordeste porque a população de lá é “analfabeta”. Não disse isso às escondidas ou a portas fechadas, mas em live transmitida nas suas redes sociais. É uma postura radicalmente oposta à de Lula, que não só é nordestino como pode dizer que é uma das pessoas que mais fez pela região.
“Eu, sinceramente, achava que não era possível que Deus não olhasse com um certo carinho para o Nordeste. Quando cheguei à Presidência, tomei a atitude de tentar criar um país equânime, que todos tivessem um pouco de direito de crescer.” — Lula
Durante todo o seu mandato, Bolsonaro fez menos pelos mais pobres do que qualquer governo anterior. O Nordeste, região com altos índices de pobreza, foi deixado de lado em inúmeras ocasiões.
Cortou da educação e chamou o povo de ‘analfabeto’
O baixo orçamento da educação, cortes e execução precária foram uma marca da gestão Bolsonaro no Ministério da Educação (MEC). Assolada por escândalos de corrupção, a pasta sofreu cortes drásticos no orçamento, assim como as despesas pagas do MEC, tanto em relação a 2015, como durante o próprio mandato, a partir de 2019.
O Nordeste foi a região mais afetada por cortes nas bolsas de pesquisa da Capes. Além de prejudicar a educação, é um tiro no pé do próprio desenvolvimento da região e do próprio país, que precisa de pesquisa e inovação para se tornar mais produtivo e soberano.
Acabou com o emprego e trocou política por auxílio insuficiente
Um levantamento divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo mostra que, em metade dos municípios do país, há mais pessoas que recebem o Auxílio Brasil do que com carteira assinada. Sem oferta de empregos formais, sem nenhum aumento real de salário mínimo em 3,5 anos e com diminuição da massa salarial, é difícil trabalhar e construir os próprios sonhos.
Os dados são do Ministério da Cidadania e da Secretaria Especial do Trabalho e mostram como Jair é ruim de serviço. De 5.426 cidades analisadas, em 2.728 o Auxílio supera o emprego formal, o que corresponde a 50,3% do total. É nítido que, em um momento em que salário do mês não dá nem sequer para pagar uma cesta básica em alguns estados do país, qualquer dinheiro a mais na conta é um alívio. Mas sem uma rede de políticas públicas, sem uma economia que funcione e, pior, com data para o auxílio acabar, não há país que pare em pé.
Trouxe de volta a fome e a miséria
As crianças são as principais vítimas do drama brasileiro de ter 125,2 milhões de pessoas com algum tipo de insegurança alimentar, das quais 33 milhões com fome, sem nada para comer. As informações constam no inquérito da Rede Penssan sobre insegurança alimentar.
No país, 32,4 milhões estão sem acesso ao menos a uma das três refeições desejáveis por dia. Desse total, apenas no Nordeste, são 39 milhões de pessoas com algum tipo de insegurança alimentar (68% da população), das quais 12 milhões com fome, a chamada insegurança alimentar grave. Quase metade dos lares (49,9%) com crianças de até dez anos de idade vivem com fome ou em insegurança alimentar.
Levou corrupção com o orçamento secreto
Segundo a senadora Simone Tebet (MDB-MT), pode ser o maior esquema de corrupção do planeta Terra. É um acordo feito por Bolsonaro com o Congresso que entregou uma parte significativa das verbas federais seja administrada por deputados e senadores – sem qualquer transparência.
O resultado são pelo menos 7 (até o momento) grandes denúncias de corrupção, todas com casos gravíssimos no Nordeste: compra de tratores e máquinas agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência; compra e distribuição de caminhões compactadores de lixo em níveis muito acima da realidade real de algumas cidades; ônibus escolar superfaturado; ambulâncias compradas a rodo para o Piauí, manipulação de números de atendimentos pelo SUS no Maranhão e agrados pessoais para agradar aliados no Rio Grande do Norte.
Inaugurou obra da Transposição do São Francisco sem água
Na TV, no rádio e nas redes sociais, a campanha de Bolsonaro mente descaradamente sobre a Transposição do Rio São Francisco. Como a gente sabe da verdade, foi Lula quem tirou do papel a promessa de que as águas chegariam mansas ao sertão e que se ouvia desde os tempos do Imperados Dom Pedro II.
Lula e Dilma executaram 88% do empreendimento, que só não foi concluído por causa do golpe de 2016. Só 7% das obras aconteceram sob a sua gestão. Ou seja, 88% das obras se deram ao longo de 9 anos com os governos do PT. Bolsonaro fez 7% em 3 anos. Nesse ritmo, a obra demoraria outros 43 anos depois para ser concluída e só ficaria pronta em 2061.
Seu envolvimento com as obras foi tão mínimo, que ele chegou a “inaugurar” a chegada das águas ao Rio Grande de Norte sem água da transposição, que simplesmente não chegou. Água, aliás, é algo que ele não levou a região, por mais que minta muito sobre isso. Enquanto , Lula e Dilma entregaram 1,4 milhão de cisternas, sob a batuta de Bolsonaro, foram entregues apenas 36 mil cisternas.
Feito extra: Preconceito e xenofobia
Não tem quantidade de maquiagem ou fala mansa que apague da memória da gente o que Bolsonaro fala e diz quando demonstra o que realmente pensa sobre os nordestinos e nordestinas. “Arataca”, “cabeçudo” e “pau de arara” são só algumas das palavras que já saíram da sua boca e provam o inegável preconceito que ele sempre teve contra o povo do Nordeste.
Com Lula e Dilma, Nordeste crescia mais do que a taxa nacional
Usando o Nordeste como exemplo, a comparação é tão trágica quanto é gritante. Entre 2003 e 2013, o Nordeste teve índice de crescimento de 4,1% ao ano, enquanto o país ficou na marca de 3,3%, de acordo com o Banco Central. Só no ano de 2012, por exemplo, a economia local cresceu o triplo da brasileira. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), entre 2001 e 2012, o nordestino teve o maior ganho de renda entre todas as regiões, o que fez com a participação da base da pirâmide social caísse 66% para 45%.
As ações dos governos petistas para a região também geraram empregos. Em 2002, apenas cinco milhões de nordestinos tinham emprego formal. Já em 2013, esse número passou para quase nove milhões. É na área social que o crescimento do Nordeste mais se comprova. Em 2002, quando o presidente Lula foi eleito, mais de 21,4 milhões de nordestinos viviam em situação de pobreza. Em 2012, esse número caiu para 9,6 milhões, segundo estudo da Fundação Perseu Abramo, com base em dados do IBGE.
A pobreza, a fome, a falta de oportunidades são resultado de decisões e projetos de poder, um conjunto de injustiças que compõem um fenômeno multidimensional e que se relaciona com diversos outros. É partindo dessa mudança de pensamento que os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff conseguiram atacar o problema da desigualdade, tirando 36 milhões de brasileiras e brasileiros da pobreza extrema.
“Além de ser brasileiro, sou nordestino e nós conseguimos provar que é possível melhorar esse país.” — Lula
Em seus delírios reeleitoreiros, Bolsonaro diz que vai ter o dobro de votos do que teve em 2018. Ele acha que conseguirá fazer as pessoas se esquecerem do que elas mesmos sabem e sentiram na pele. Caberá ao povo do Nordeste, de mãos dadas com todo o Brasil, mostrar que estamos juntos pelo Brasil da Esperança. Estamos com Lula 13.